Sangatsu no Lion, 3-Gatsu no Lion ou March Comes in Like a Lion, para os gringos, é um dos animes mais sensíveis que já tive o prazer de assistir e também um dos maiores acertos do acervo da Netflix. Só de lembrar que demorei tanto para finalmente começa-lo, dá vontade de me estapear na cara (em minha defesa, eu tinha acabado de sair de um battle shounen e não estava no clima).
Sangatsu no Lion é uma obra de 2007, escrita por Chica Umino e animada de 2016 a 2018 pela Shaft, conta com duas temporadas de 22 episódios cada, mais um spin-off e um live action. É daquele tipo de história que você recomenda com seriedade e nem consegue explicar muito bem para as pessoas porque achou ela tão boa, você apenas se lembra de um todo (animação, trilha sonora, enredo) tão bem alinhado e fechadinho, capaz de levar lágrimas aos seus olhos saturados com os baldes de clichês que a indústria nos enfia goela abaixo temporada após temporada. Mas, por mais que eu seja dessas que fique sem palavras diante de uma história tão complexa, vou dar meu melhor nesse review.
A história de Sangatsu acompanha o menino Rei, e mesmo que você não seja um garoto de 17 anos e viva como nosso protagonista, sua vida é retratada com tamanha veracidade que é impossível não imergir com ele em seus conflitos. Rei é um jogador de Shogi profissional, que largou o ensino médio e foi morar sozinho com o sustento da profissão.
De background bastante complexo, Rei nunca se sentiu socialmente aceito, mas levava uma vida tranquila até perder a família quando ainda era criança. Tendo tudo tirado de si, ele encontra no Shogi (paixão da nova família adotiva) sua única forma de sobreviver no mundo. Porém, sua vida torna-se vazia (refletida no apartamento escuro e sem mobília onde mora) e é esse garoto triste, solitário e amante de rios que nos é apresentado logo de cara.
Vale, inclusive, uma ressalva aqui: se você se encontra em um momento muito sensível da vida e/ou apresenta quadros de depressão, talvez Sangatsu no Lion não seja o anime ideal no momento, e digo isso por experiência própria. A identificação que tive com episódios em que Rei descrevia seus sentimentos e situações que viveu me trouxeram lembranças desagradáveis que me deixaram bem pra baixo e reflexiva (e eu estava num bom momento, então fica a observação).
Mas, a mensagem do anime não é sobre depressão e tristeza apenas, mas sim sobre amizade, família e empatia; é sobre a importância de amar e ser amado, de ser acolhido e aceito como se é. É sobre todos precisarem disso. Sangatsu no Lion nos proporciona essas reflexões na forma de diversos personagens memoráveis, cada qual com seus próprios conflitos, seus diferentes papéis sociais, idades, gêneros… Tudo se torna pequenos aprendizados que Rei vai absorvendo e crescendo como pessoa (algo lindo de ver). E não só Rei, como nós também.
Toda essa filosofia vem embrulhada em uma produção impecável do começo ao fim, com diálogos inteligentes, sem soluções prontas e fáceis para os problemas (as coisas vão dar certo no final? Tais personagens vão se resolver? Não dá para saber, e tudo bem, pois assim é a vida). Soma-se a isso uma trilha sonora envolvente e uma animação que representa com perfeição os abstratos devaneios da mente dos personagens e suas visões de mundo. Tem-se uma obra prima!
Se eu tivesse que fazer uma única crítica à essa obra magnífica, seria que não consegui entender muito bem o Shogi (nem com a musiquinha do Nikaido!), jogo que é pano de fundo para diversas situações no anime. Mas, tudo bem, já que o foco aqui é nas pessoas e suas relações.
Em suma, Sangatsu no Lion é entretenimento obrigatório a todos aqueles que procuram animes mais sensíveis e histórias que não supram apenas nosso tédio, mas as necessidades da alma também.
Obrigado e até o próximo review!
Este post foi modificado em 14 de agosto de 2019 08:59
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