Sankarea: Undying Love – Esquisito demais para não ver até o final

Sankarea: Undying Love – Esquisito demais para não ver até o final

Sabe aquelas obras estranhas, com a história meio torta, de caráter um tanto duvidoso, nojenta até, e que num certo ponto você pausa e pensa “o que, diabos, estou fazendo da minha vida?” e então fica pensando nisso por dias ao invés de dormir? Ah não sabe? Então já marca sua terapia e vem comigo nessa viagem de ácido (esse review em particular vai ter um pouco de spoilers).

Sankarea

QUEM FAZ ACONTECER?

Sankarea é originalmente um mangá de comédia romântica/sobrenatural/horror escrito e ilustrado por Mitsuru Hattori, sendo a obra mais famosa desse autor. A história foi serializada pela revista Kodansha entre 2009 e 2014, depois compilada em onze volumes próprios. Em 2012 também rolou uma adaptação em novel feita por Ryo Suzukaze.

O anime, produzido pelo Studio Deen, foi ao ar na temporada de primavera de 2012 (5 de abril à 28 junho, mais especificamente), contando com 12 episódios e 3 ovas. Dois destes ovas contam como episódios 13 e 14 e o outro é uma prequela da história. Apesar destes especiais, a história nunca teve um fechamento em anime, o famigerado final aberto.

Ainda sobre os especiais, eu recomendaria assistir mais para dizer que viu tudo do que por qualquer outra coisa. Já aviso que eles não são suuuper essenciais para a experiência não; tem alguns, inclusive, que nem são divertidos (o da menina embaixo da casa foi um saco, na minha humilde opinião). Eu vi porque realmente esperava algum fechamento, mas não vai com essa pretensão não, otaco, você vai se decepcionar.

Agora, simbora falar mais a fundo dessa esquisitice que é Sankarea!

Sankarea

PRODUÇÃO E ENREDO

Como boa amante de coisas bizarras que sou e hater de romances água com açúcar, fui correndo com a menor promessa de um casal diferentão. Porém, quando cheguei lá, a decepção com a produção, que não é nenhum primor, já bateu forte.

O Studio Deen estava bem sem inspiração quando resolveu produzir Sankarea, tadinho! A animação saiu bem simples e sem cor, o design de personagens também não é lá essas coisas e a trilha sonora de memorável não tem nada (eu até que gostei do tema de encerramento, achei ~conceito~, mas a abertura e o resto pode queimar).

Apesar disso, essa história muito da freudiana acaba prendendo a atenção pelas absurdidades às quais nos expõe e é por isso que estamos aqui, então vamos à sinopse.

Sankarea nos leva a acompanhar a pacata vida de um peculiar adolescente do ensino médio, Chihiro Furuya, que perdeu a mãe quando ainda era criança e juntamente do pai, irmã e avô tarado, mora e toma conta de um templo. Desde a morte da mãe, o menino tornou-se obcecado por tudo que tenha a ver com zumbis e adora ir ao cemitério fazer passeios. O que ele mais quer é ter uma namoradinha zumbi (sim, meio morta e canibal) pela qual se apaixonar. Em uma bela noite, na tentativa de ressuscitar seu gato, morto em um acidente, Chihiro acabará encontrando Rea Sanka, uma triste menina rica cujo maior desejo, por sua vez, é se libertar das amarras do pai, doentiamente obcecado por ela, e ter uma vida normal. Juntos e através da morte e do amor, Rea e Chihiro mudarão para sempre a vida um do outro.

Sankarea

Sankarea vale a Pena?

Já deu pra perceber que o negócio é louco, né? Isso porque eu ainda não falei do ecchi e do incesto, mas vamos por partes. A proposta aqui é ser um romance, mas um beeem longe do convencional (apesar de ter cenas bem clichês) e será necessário engolir algumas coisas para aceitar isso.

Primeiro que um dos pombinhos está se decompondo e o outro é um necrófilo em potencial (ou seria meio necrófilo?). Com isso, já temos um casal pra lá de esquisito e cenas de beijos que façam torcer o nariz (ou será que não?… Pensando bem, no calor do verão deve ser até confortável ficar abraçadinho…).

Segundamente que as pontas do triângulo amoroso, ou seja, os rivais que vão lutar uma competição ferrenha pelo amor dos mocinhos são: a prima do protagonista (ok, estranho, pero no mucho)… E o pai da protagonista (Alô, é do 190?). Agora, claro que, se você for um romântico incorrigível (ou foi fã de Crepúsculo), esses “empecilhos” não lhe parecerão tão grandes, afinal, o que é um pouco de rigor mortis se as pessoas se amam, não é mesmo? Mas, em mim devo admitir que rolou uma náusea. E também me incomodou que o fato de o pai da menina ser um maníaco pedófilo não teve consequências mais graves. Ficou parecendo que ele era, no máximo, muito excêntrico, quando, na verdade, devia estar é preso.

“Ai, mas é licença poética”. Sinceramente? Às vezes eu acho que os animes e mangás tem licença poética demais (sim, estou olhando para você, lolicon. Deus tá vendo). Tem coisas que não deviam ser aceitas, isso já acontece bastante na vida real.

A gente vai ser obrigado a ver esse maluco cometer as maiores atrocidades, estando entre as mais ~leves~: produzir pornografia infantil, sequestro, cárcere privado, assassinato e tentativa de assassinato! Mas, de boa, galera, afinal ele é rico e só ama muito a filha e a esposa morta (que também era uma criança, ora ora). DE. BOA. Aliás, outro cara que me deu um asco danado foi o avô senil e tarado que assedia as meninas. Mas nem vou me dar ao trabalho de falar dele (Hm-hm. Me recuso).

sankarea

Sobre o resto dos personagens, tirando o quarteto de mais destaque (os protagonistas, a prima do protagonista e o pai psicopata), mais nenhum tem grande impacto no público (pelo menos em mim não teve). A irmã do protagonista até que é engraçadinha (e graças a deus ela não está envolvida na parte do romance), mas cansei dela rápido também.

Mas, enfim, onde Sankarea nos leva? Depois de todo o trauma, eu devo ganhar alguma coisa no final, não?” Pergunta-me o otaco aflito e eu lhe respondo:

Até dá para extrair algumas coisas boas dessa história sim. Eu, particularmente, gostei de acompanhar a busca por liberdade da menina Rea, que percebeu a situação abusiva em que se encontrava e teve forças para procurar por conta própria os meios de escapar e enfrentar o pai louco.

Foi triste que, no fim das contas, o preço por sua liberdade tenha sido tão alto (imagina a nóia por estar finalmente livre, porém se decompondo e com vontade de matar o crush!), mas ela sacudiu a poeira e seguiu em frente, o que só mostra o tamanho da coragem e determinação dela em ter o controle sobre a própria vida. Eu me emocionei com a cena em que o Chihiro olha para ela uma última vez viva, sem saber que tinha perdido a chance de ajudar por um desfecho mais fácil e feliz (mas, também não tinha como ele saber né). E falando nele, Chihiro também cumpriu bem o importante papel que foi incumbido a seu personagem de transmitir que o verdadeiro amor é baseado no cuidado e respeito ao livre arbítrio e direitos do outro como ser humano, e não em dominação e violência. Legal, né?

Veredito de Sankarea

Agora… Essas lições compensam o tempo de estresse que você vai passar questionando as situações absurdas e ilegais que o roteiro nos enfia goela abaixo? Aí vai de você. Vai ter que rolar uma certa suspensão de realidade que precisará cobrir mais que as situações sobrenaturais, abrangendo também as “cotidianas”. Mas, como otacos, suspender a realidade não é tão difícil né?

Então vai fundo, se quiser! Minha nota final para Sankarea seria 5/10. Não parece muito, eu sei, mas indica um número mais ou menos equivalente de defeitos e qualidades, os quais explorei acima.

E é isso! Obrigada aos que chegaram até aqui na leitura. Se você gostou do review, compartilhe com os amigos! Se tiver algo a acrescentar, conta pra gente aqui nos comentários e nos ajude a crescer!

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Mari Bortuluzzo

Universitária porque o capitalismo obriga e otaku por amor. Já que não dá pra engrenar na carreira de Hokage, a gente escreve sobre os nossos animes favoritos e espalha a palavra desse universo tão vasto e divertido.

4 comentários sobre “Sankarea: Undying Love – Esquisito demais para não ver até o final

  1. Eu achei estranho quando estava assistindo também, mas depois fui refletir e pensei o quanto o anime acerta. Há humor negro em tudo e isso traz um “q” de sarcasmo pro anime. O mais imporatnte é que ele trata de depressão, ansiedade, suicídio, incesto, necrofilia, absessão, sem pudor e isso torna o anime ainda mais verossímel, porque a vida é insano pensar, mas isso tudo existe. O final me pareceu meio frustrante no início também, mas acho que é o que fortifica ainda mais a questão da abordagem real dos temas, porque apesar de a gente romantizar a relação da Rea e do Chihiro, ela ainda tava meio morta e em algum momento iria acabar cedendo a seus “instintos”. Então, sim, o final é interpretativo, mas minha interpretação é que ela acabou virando ‘zumbi” e devorando ele, literalmente.

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