Mulher-Maravilha 1984 – Fácil de assistir, difícil de digerir

Mulher-Maravilha 1984 – Fácil de assistir, difícil de digerir

Mulher-Maravilha 1984 estreou nos cinemas no último dia 24 de Dezembro de 2020, trazendo novamente Gal Gadot no papel da heroína e Patty Jenkins na direção. Saindo dois dias depois para o serviço de Streaming HBO MAX, o filme já foi assistido por milhões de pessoas no mundo todo e está dividindo opiniões. Acompanhe abaixo, nosso review SEM SPOILERS do longa.

Os anos 80, polainas e a Guerra-Fria

Comecemos pelo contexto político e social da época. O Mundo estava em guerra fria, um período de tensão bélica entre os Estados Unidos e a União Soviética que durou de 1945 a 1990. Temos aqui também, a crise do petróleo da época. De fato, era um período conturbado e este background é aproveitado (em suas proporções) para tentar levar o roteiro do filme.

Além da Guerra Fria, Mulher-Maravilha 1984 traz a tona todo esplendor (e ao mesmo tempo a breguice) dos anos 80. Tudo é muito colorido. Carros da época como o famoso Pontiac Firebird ou as famosas polainas (adereços para a canela dos dançarinos de aeróbica) fazem parte da caracterização do filme. Houve uma certa pesquisa para o trabalho (embora o filme toque músicas que seriam lançadas bem mais tarde do que 1984).

Mulher-Maravilha 1984
Foto publicada por Patty Jenkins homenageando um clássico dos anos 80, o Clube dos Cinco

O enredo que é fácil de assistir

Se passando obviamente no ano de 1984, o longa nos mostra uma Diana/Mulher-Maravilha que ainda não superou a morte de seu amor, o piloto Steve Trevor, que morre no primeiro filme. Este distanciamento pessoal faz com que Diana aja de forma anti-social com as pessoas como por exemplo, não ir a festas. Quanto a agir como Mulher-Maravilha, ela o faz, mas sempre de forma sutil para que as câmeras não a filmem ou pedindo para as pessoas não falarem dela.

Mulher-Maravilha 1984
Gal Gadot é a versão definitiva da heroína

Dentro de todo esse conjunto, temos os vilões do filme. Um deles é Maxwell Lord, um dos vilões mais icônicos da DC, que aqui é reduzido a um homem falido em busca de poder. Uma busca implacável, diga-se de passagem. Interpretado pelo incrível “MandalorianoPedro Pascal, esta versão do vilão é pedante como sua contraparte dos quadrinhos, mas não tem o mesmo impacto. A outra vilã do filme, é a vilã mais conhecida dos quadrinhos da Mulher-Maravilha: Bárbara Minerva, a Mulher-Leopardo. O roteiro do filme nos mostra toda a jornada da tímida e desastrada Minerva até o surgimento da violenta vilã.

Kristen Wiig e Pedro Pascal como Bárbara Minerva e Maxwell Lord, respectivamente

O enredo do filme se desenrola basicamente em volta de um artefato que concede desejos. Este artefato faz estes três arcos dos personagens (que acreditem, até certo ponto do filme andam muito separados) se desenvolverem e para no final, colidirem. Algumas peças coadjuvantes como o filho de Maxwell Lord ajudam a trama ter certo grau de emoção.

Os problemas que são difíceis de digerir

Agora começa a parte chata da história. Embora o enredo tenha um background para se desenvolver, tudo no filme fica parecendo raso demais. Mulher-Maravilha 1984 possui um excesso bizarro de clichês. O filme tem duas horas e meia desenvolvendo os 3 arcos principais, mas falha com o excesso de cenas que tentam “emocionar” o espectador. Porém, dentro dos arcos, o de Maxwell Lord de fato, é o mais trabalhado em detalhes, onde inclusive a inserção de um filho fazem seu desenvolvimento ser um pouco melhor.

Um outro ponto baixo do filme são as cenas de luta e ação do filme. Todas aquelas cenas de impacto que vimos no primeiro filme, cenas que mostravam Diana em seu esplendor combativo, foram substituídas por cenas onde apenas o laço da verdade e sua tiara são usados como arma. É isso mesmo, não tem Diana com espada e escudo levando paredes do chute… Mas temos gente sendo amarrada à rodo. Aliás, o nível de “violência” do filme foi extremamente diminuído. Não vejo isso como um fator ruim, já que para abranger mais pessoas, a censura do filme tem que diminuir, mas que isso de fato causa um desconforto quando comparamos com o primeiro, isto causa. Todas as cenas de luta e ação do filme, foram “spoiladas” nos trailers do filme. Ou seja querido leitor, temos poucas cenas de ação no filme.

O icônico Laço da Verdade faz um show a parte no filme

Outro ponto do filme que ficou extremamente ruim, foram os efeitos especiais. Os efeitos usando o laço da verdade continuam muito bons, mas o restante não foram satisfatórios. Os efeitos que colocaram quando Diana está correndo em alta velocidade nas ruas ou estradas ficou extremamente preguiçoso, onde claramente seus movimentos não condiziam com a velocidade da cena. O CGI usado na Mulher-Leopardo também não estava muito bom, pois o trailer só nos mostram as partes iluminadas do CGI para comprarmos a ideia de que o efeito está bom. A luta final entre Diana e Minerva, é feita propositalmente no escuro. Achei deselegante, pois claramente vemos o famoso efeito CGI de borracha, muito usado nos filmes antigos do Homem-Aranha. Achei tudo isso um despautério com o espectador, já que foi um filme adiado por quase dois anos e tinha tempo de sobra para revisar estes detalhes. Nem de longe nos lembra o ótimo CGI do primeiro filme.

Mulher-Maravilha 1984
Mulher -Leopardo e um CGI mal feito no escuro

Vale a pena assistir Mulher-Maravilha 1984

Apesar do filme possuir aparentemente muito mais contras do que prós, eu recomendo que todos assistam ao filme. Mulher-Maravilha 1984 traz uma mensagem nas entrelinhas que vem desde o começo do filme até o final e que é muito importante não só para heróis, mas para qualquer pessoa que queira ter uma vida plena e sincera. De longe no entanto, é o filme da DC com menos referência aos quadrinhos da heroína, mesmo trazendo o icônico “Jato-Invisível” e a incrível armadura da mini-série Reino do Amanhã. Na verdade, este filme mostra mais uma vez o quanto a Warner Bros não está nem aí com os fãs de quadrinhos em vários sentidos. O Enredo do filme é promissor, mas se desenvolve de forma muito rasa e que beira o desrespeito como a inteligência do espectador. Nem de longe o filme precisa ser um “Mind-blower” para ser bom, mas ter um descaso na produção do filme com o tempo de atraso no lançamento, é no mínimo bizarro. Mas, é perceptível que a diretora Patty Jenkins tentou fazer um bom trabalho.

Mulher-Maravilha 1984
Reino do Amanhã, Mini-Série de onde a armadura de Diana no filme foi baseada

As atuações por sua vez, foram boas. Gal Gadot continua sendo a personificação da Mulher-Maravilha. Hoje é impossível desassociar a atriz da personagem. Pedro Pascal entregou uma versão diferente de Maxwell Lord, mas ela tem muita personalidade. Krysten Wiig foi explêndida como Bárbara Minerva e soube tratar as mudanças psicológicas da personagem com maestria. Porém, interpretações são travadas caso o roteiro ordene, e foi isso que aconteceu em vários momentos do filme. Mesmo assim, Mulher-Maravilha 1984 é um blockbuster para se assistir com a família e é sempre bom lembrar, que a Mulher-Maravilha ainda é a heroína mais incrível de todas!

Mulher-Maravilha 1984
O filme trás uma boa experiência quanto a entretenimento

Espero que este humilde review com minhas opiniões (E SEM SPOILERS) explique melhor a que o filme veio. Assistam! Tirem suas próprias conclusões. Depois deixem nos comentários o que acharam! Muito obrigado pela atenção e até mais!

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Léo Palmieri

Pai, marido, nerd. Fã do Surfista Prateado e do Superman, juntou uma equipe de super-pessoas para trabalhar no projeto Crossover NERD com o intuito de divulgar o belíssimo mundo geek!

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